30/03/2016

Perdi a capacidade de apreciar

Eu acho que estou doente. Nada doi. Nada vai mal. Não fisicamente.
Outro dia, entre uma obrigação e outra, fiquei observando uma família sentada no sofá do meu trabalho. Eles estavam simplesmente vendo o tempo passar. Tranquilamente, eles seguim o filho com os olhos, prá lá e prá cá. Sem pressa de fazer nada, sem tomar decisões, deixando a vida andar junto com os pezinhos da criança que os acompanhava sem um rumo definido. Me deparo com cenas semelhantes todos os dias. Confesso que gentes assim, relaxadas, me deixam louca. Me dá uma agonia pensar em parar, não produzir nada. Ainda que seja por só alguns instantes.
Trabalho - ou penso em trabalho - noite e dia. Estou fazendo a minha quinta pós graduação – esta relacionada ao trabalho. Junto com ela participei de um programa de que equivale a mais uma pós. Tudo sem deixar o trabalho de lado. E sendo mãe. E lavando a roupa de toda família. E cuidando das rotinas de casa. E ainda fazendo o café da manhã, a lancheira e o jantar.

Acho que até dou conta. Mas percebi que estou perdendo minha capacidade de apreciar. Apreciar a vida e as pessoas. Minha paciência é mais curta a cada dia. Minha tolerância com o outro se esgota rapidinho. E hoje eu percebi que não lembro quando dei uma gargalhada. Também não lembro quando foi que eu chorei. E é por isso que eu acho que estou doente. Não acho justo viver sem a capacidade de apreciar. O que é a vida senão apreciação e prazer?

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