12/04/2011

Vida artificial

Você já viu um spam que rodou por aí que fala mais ou menos assim...
"Ninguém é tão feio como na identidade, tão bonito como no Orkut, tão feliz quanto no Facebook, tão simpático como no Twitter, tão ausente como no skype, tão ocupado como no MSN e nem tão romântico como no Tumblr."?


Há pouco reencontrei no mundo virtual uma amiga que não vejo há anos, muitos anos. 
Muito diferente ela. Eu poderia falar das diferenças de visual e no corpo, que por si só já renderiam um longo post de reflexão. Mas não me sinto no direito.
Prefiro falar sobre como ela se tornou uma pessoa com a vida exemplarmente perfeita. Não entenda mal. Continuo acreditando que nossas vidas não precisam e nem devem ser expostas em vitrines virtuais (Meu silêncio).
Mas fiquei olhando aqueles posts, aquelas fotos, aquela vida publicada ali e lembrando da minha amigona que, em outra época, era uma pessoa real. Decidida, às vezes teimosa e difícil de lidar, mal humorada, mas com o maior coração do mundo, carinhosa, sempre pronta a ajudar, divertidíssima no meio das nossas loucuras e muito amada. Amada por ser exatamente o que ela era.


Eu sei que o tempo passou e nem eu sou mais a mesma pessoa. Mas no meio do caminho parece que a vida ficou tão artificial. Não só a da minha velha amiga, mas a de todo mundo.

Dory

É uma vergonha mas eu não escondo de ninguém. Minha memória é parecida com a da peixinha amiga do Nemo, a Dory.
Não sei se é efeito das altas quantidades de álcool na minha juventude ou se é defeito de fábrica mesmo. Já tentei exercícios para aumentar a memória, truques para ajudar a lembrar, associações de todos os tipos e até vitaminas. Mas nada foi suficiente. Talvez com o passar do tempo as coisas estejam até piorando.
Me apresento várias vezes para a mesma pessoa, nunca lembro o nome do livro e nem o diretor do filme que eu adorei, confundo literatura com vida real, me perco no tempo e no espaço, esqueço onde deixei as coisas, não consigo lembrar se é manhã ou tarde quando atendo o telefone e cumprimento quem tá do outro lado da linha e troco os nomes das pessoas. Não sei porquê, mas decoro números e lembro apenas das iniciais dos nomes. Sou capaz de chamar um Renata de Rebeca com todo o orgulho de quem acha que está acertando especialmente desta vez.
Como viver com uma cabeça dessas? Ah! Tem um segredinho: anoto tudo.
Só que as vezes perco onde foi que anotei.