Socorro, alguma alma, mesmo
Que penada,
Me empreste suas penas
Ja nao sinto amor nem dor,
Ja nao sinto nada
Socorro, alguém me dê um
Coração,
Que esse já não bate nem apanha,
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos , deve ter
Algum que sirva
30/03/2016
Tempo, tempo, tempo
Faz uns anos, ciente de que andava num ritmo alucinado, quase atropelada pela vida, escolhi um dia parar para ver um filme. Já nos primeiros minutos entendi que caminho o roteiro seguiria. E a partir dali comecei o meu sofrimento: por que não acabava logo se eu já sabia onde ia dar? Quantas coisa eu tinha a fazer e estava ali sentada.
E a cada ano que passa, vou acelerando. E piorando em relação à vida.
E a cada ano que passa, vou acelerando. E piorando em relação à vida.
Perdi a capacidade de apreciar
Eu acho que estou doente. Nada doi. Nada
vai mal. Não fisicamente.
…
Outro dia, entre uma obrigação e outra,
fiquei observando uma família sentada no sofá do meu trabalho. Eles estavam
simplesmente vendo o tempo passar. Tranquilamente, eles seguim o filho com os
olhos, prá lá e prá cá. Sem pressa de fazer nada, sem tomar decisões, deixando
a vida andar junto com os pezinhos da criança que os acompanhava sem um rumo
definido. Me deparo com cenas semelhantes todos os dias. Confesso que gentes
assim, relaxadas, me deixam louca. Me dá uma agonia pensar em parar, não
produzir nada. Ainda que seja por só alguns instantes.
…
Trabalho - ou penso em trabalho - noite e
dia. Estou fazendo a minha quinta pós graduação – esta relacionada ao trabalho.
Junto com ela participei de um programa de que equivale a mais uma pós. Tudo
sem deixar o trabalho de lado. E sendo mãe. E lavando a roupa de toda família.
E cuidando das rotinas de casa. E ainda fazendo o café da manhã, a lancheira e
o jantar.
Acho que até dou conta. Mas percebi que
estou perdendo minha capacidade de apreciar. Apreciar a vida e as pessoas.
Minha paciência é mais curta a cada dia. Minha tolerância com o outro se esgota
rapidinho. E hoje eu percebi que não lembro quando dei uma gargalhada. Também
não lembro quando foi que eu chorei. E é por isso que eu acho que estou doente.
Não acho justo viver sem a capacidade de apreciar. O que é a vida senão apreciação
e prazer?
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