Temos uma vida
privilegiada. Sempre temos comida, quase sempre muito boas. Não passamos
vontade de nada, temos roupas, quase sempre muito boas. Temos acesso a viagens
e passeios de montão. No ano passado fomos duas vezes para exterior e
aproveitamos o trabalho para levar vocês, crianças, para passearem conosco.
Pelo Brasil viajamos muito. Nem sempre para onde nos levariam nossos sonhos,
mas muitas vezes para visitar nossa família e mesmo conhecer lugares novos.
Temos saúde. Nunca tivemos na família nenhum problema sério de verdade. Foram
pequenas febres e dores que passaram com poucos esforços, alguns exames, uns médicos
e umas horas de sono.
O que vivemos é
completamente diferente do que vive a maior parte do mundo lá fora da nossa
ilha de felicidade.
E, na vida, o ser humano
demora muito a valorizar estas pequenas coisas. Sempre quer mais e mais. Nada
satisfaz. Sempre falta uma nova tecnologia, um lançamento da moda ou um lugar
onde os amigos costumam ir. Demoramos demais para ter maturidade para valorizar
e ser feliz com o que temos. Eu mesma levei décadas para entender o quanto
temos um vida boa. E, com isso, sofri. Sofri com necessidades inventadas,
enxergando dificuldades inexistentes, faltas desnecessárias. Hoje, com quarenta
e um anos, sou plenamente feliz com o pouco de coisas que tenho. As vezes me
desgosto com uma ou outra coisa, as vezes quero ter uma vida diferente, as
vezes quero viver em outro lugar. Mas, aí olho com carinho o que já tenho e sei
que mesmo que fizesse um caminho diferente, voltaria para as mesmas escolhas
que me trouxeram onde estou. Este é exatamente o meu lugar. E é perfeito. Tem
muito mais coisas boas do que coisas ruins. Por que digo tudo isso? Não queria
que você tivesse que chegar aos quarenta para conquistar esta maturidade. Com
esta maturidade a vida é muito mais tranquila, temos muito mais paz. E, com
isso, podemos ser mais felizes.
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