Eu dividia as pautas que o pessoal ia cobrir para o jornal, direcionando cada profissional para uma parte da cidade numa tentativa de otimizar a produção.
Pausa para o parênteses! Você deve estar se perguntando "o que é uma pauta?"
Nesta situação, e para ser simplista, pauta é uma espécie de requisição de serviço que tem dados sobre um assunto que vai virar reportagem.
De volta à minha história - era um enrosco fazer a divisão de pautas de maneira racional e super produtiva. Tinha dias que parecia um jogo de xadrez.
Naquele início de tarde a coisa parecia quase resolvida. Mas tinha uma especificamente que não se encaixava em nada e sempre resolvia voltar às minhas mãos.
Ah! Naquela época as pautas eram escritas a mão.
E aquela pauta que ia e vinha era requisitada por alguém com um nome um tanto, digamos, diferente. Eu não sei se ela era mesmo complicada de resolver ou se eu é que estava inconformada com a estranha alcunha da pessoa que a solicitara.
Na minha indignação, me perguntei - em voz alta - mil vezes: "Que mãe filha da puta coloca um nome desses numa criança?!".
Lia e relia a ordem de serviço. E a cada vez ficava mais incomodada. E questionava mais vezes e mais alto.
Inconformada, perguntava para os fotógrafos a minha volta.
"Jorge, o que tem na cabeça uma mãe que chama a filha de Atanagilda?"
"Ô Socó! Que merda de nome é esse?"
Só o silêncio. Ninguém me dava uma resposta e eu sofria com o raro nome.
Enfim, depois de muito aquele papelzinho azul (lembro até hoje) ir e voltar entre os meus dedos, atingi o auge da minha indignação: "Mas essa letrinha horrorosa também não ajuda!!!! Afinal, é Atanagilda ou Atanagééélda?"
Foi quando uma vozinha tímida praticamente sussurou atrás de mim:
"É Atanagilda… sou eu…"
03/08/2010
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